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Oficina do Autor #5: Tipos de editoras e formas de publicação


Olá, galero! Demorei, mas voltei com mais dicas!

Para quem não sabe, há várias formas (várias mesmo) de publicar o seu original, porém, muitos autores não as conhecem e acabam deixando seu livro na gaveta para sempre amém. Hoje falarei sobre alguns tipos de publicação que acabei conhecendo enquanto procurava um lar para o meu livro, algumas de suas características e dicas para você não cair em enrascadas. Espero ajudar!


EDITORAS GRANDES
Essas nem precisam de apresentação. As editoras grandes são aquelas onde provavelmente o livro do seu autor favorito se encontra. Também são aquelas em que é quase certeza que seu primeiro livro não estará.

“Mas, por quê?!”

Querido gafanhoto, o motivo é simples: sendo você um Zé Ninguém que provavelmente não conhece nada sobre o mercado editorial, esse tipo de editora não vai querer seu livro devido a sua falta de público, conhecimento e experiência. Eu não conheço nenhum autor nacional que está em uma editora grande hoje, que não publicou seu primeiro livro de maneira independente (ou de maneira semelhante a essa).

Se você tiver um agente literário, a coisa muda de cor, mas existem poucos profissionais nessa área aqui no Brasil o que acaba dificultando encontrar um (e quando encontrar, pode ser difícil ele querer te agenciar).

Portanto, não pense que para ter um livro de sucesso, basta ter talento. Você também precisa ter público e conhecimento do mercado editorial.

Então não fique triste quando receber uma carta de recusa dessas editoras (SE receber uma carta, né). É normal. Respire fundo e tente outra forma de publicação.


EDITORAS DE PEQUENO E MÉDIO PORTE (não pagas)
Editoras de pequeno ou médio porte que aceitam originais nacionais, praticamente são inexistentes hoje em dia. Elas ou faliram ou... faliram. Dificilmente você encontrará uma editora de pequeno e médio porte em que você não tenha que por a mão no bolso para nada. Eu diria que é praticamente impossível (e olha que eu pesquisei várias editoras [tinha uma prancheta com o nome de pelo menos 70]).

Não, mentira, talvez você encontre. Mas olhe o catalogo delas. Têm autores nacionais? Se sim, quantos? São livros da mesma linha temática que o seu? Quantos livros “importados” e quantos livros nacionais essas editoras têm publicados? Os autores nacionais publicados por elas, eram Zé Ninguém? Elas estão aceitando originais nacionais para análise ou só analisam originais apresentados por agentes literários?

É realidade que muitas editoras hoje em dia estão começando a abrir portas para os livros nacionais, mas ainda assim pegam poucos autores.
De qualquer forma, pesquise e, se encontrar essa editora, mande um e-mail perguntando se eles estão aceitando originais para análise e coisa e tal.


EDITORAS PAGAS (tiragem)
Geralmente são muito caras (“caras quanto?” por volta de 20 mil dilmas. Não, eu não estou brincando) e a maioria funciona assim: você paga pela publicação e eles fazem o serviço completo e profissionalmente de uma tiragem de 2 mil livros (ou por volta disso). Geralmente, uma parte da tiragem fica com você para você ralar a bunda e vender sozinho e a outra parte fica com a editora para ela mesma se encarregar de vender nas livrarias, etc.

Compensa? Para alguns sim. Para outros não.

A primeira coisa que você tem de se perguntar, se receber um “sim” dessas editoras, é:

·        - Essa editora é de confiança?

Se sim, beleza, vamos para a próxima pergunta:

·       - Esse valor inclui o quê? Somente a produção do livro? Ou inclui o lançamento ou futuras tardes de autógrafos também? Inclui divulgação em quais formas? Inclui e-book? Inclui book-trailer? Meu livro vai ser vendido em quantas livrarias FÍSICAS pelo Brasil? E os marcadores de livro, folhetos de divulgação estão inclusos no valor?... (cara, pagando 20 mil reais eu quero até que a minha capa inclua som, cheiro e imagem 3D, na moral).

Ah, só uma coisinha: se você vai pagar pela publicação, não chame seu livro de “filho” e sim de “produto”. Aliás, se você vai publicar em qualquer editora, seu livro deixa de ser “filho” para virar “produto”. É um negócio. O mercado editorial é um negócio e você tem de saber como negociar, gafanhoto, ou você dança. Dança enquanto chora, no caso. Enfim... Se você vai pagar, pare de pensar que a editora está fazendo um favor e tudo mais. Você contratou um serviço e eles são obrigados a fazer como você quiser e com qualidade. Então pergunte, questione. Tire todas as dúvidas antes de assinar contrato (e o primeiro cheque).

A terceira pergunta que você tem que se fazer é se a publicação de tiragem compensa para você. Para mim não compensa e eu vou explicar para você:

Suponhamos que você realmente pagou pela publicação e ficou com uma parte da tiragem (500 livros ou um número perto disso). Você tem de se perguntar “será que eu vou conseguir vender esses livros sozinho(a)?”, “será que eu vou dar conta de empacotar, verificar o recebimento do dinheiro na minha conta, enviar pelo correio e tudo mais?”, “será que há espaço na minha casa para armazenar esses livros de maneira que eles não mofem, não estraguem?”... Sério mesmo! Você tem de pensar em tudo isso.

Além disso, suponhamos que essa editora prometa colocar seu livro em quase todas as livrarias físicas desse país. “Pô, legal, um sonho!”. É, um sonho. Mas quem saberá que existe um livro seu lá além de você, sua família, amigos e alguns leitores (que te conheceram na internet, ou em eventos literários)? Acredite: ninguém. Seu livro não está na prateleira dos “mais vendidos” assim logo de cara, gafanhoto. Só a lombada do “seu filho” irá aparecer e ainda mais na parte menos frequentada da livraria: “literatura nacional”. Fora que você estará competindo com as lombadas de Clarice Lispector, Jorge Amado, Machado de Assis, (e até os mais atuais como:) André Vianco, etc.

Ter seu livro físico dentro da livraria não é garantia de venda. Ir à eventos literários sim, investir na divulgação pela internet sim.
Por isso, antes de optar por uma publicação sob tiragem, conheça as:

EDITORAS PAGAS (publicação sob demanda):
A publicação sob demanda tem se popularizado cada vez mais pelas editoras e na própria publicação independente em si.

Para quem não sabe, publicar sob demanda é: seu livro vai ser feito todo bonitinho (capa, diagramação e tal) e será disponibilizado para vendas no site da editora ou nas livrarias virtuais (ou em ambas). Quando uma boa alma resolver comprar 1 exemplar do seu trabalho, a editora recebe o pedido de compra, envia o material para a gráfica e a gráfica produz o 1 exemplar que a boa alma comprou.

Falando assim parece que fica mais caro (produzir livro por livro e tal), mas não fica. Compensa muito mais do que apostar em uma tiragem de 2 mil exemplares, passar meses e mais meses sem conseguir vender muito e ser obrigado a por o livro em uma promoção, fazendo com que você não consiga recuperar o valor do capital inicial investido.

Fora que você não vai armazenar vários livros em casa e ser responsável pelo envio dos exemplares. Além disso, é infinitamente mais barato. Você vai investir bem menos dinheiro com esse tipo de publicação.

MAS tenha cuidado. Aliás, sempre tenha cuidado. Não vá assinando com qualquer editora. Converse com o editor, veja o quanto você vai ter de gastar (e pelo o quê você vai ter de gastar [vide as perguntas que eu fiz no tópico anterior]), tente negociar formas de pagamento de descontos... Como eu disse, é um negócio. Então, pergunte, mas principalmente saiba o que compensa mais para você. Compensa ter um lançamento, um book-trailer, marcadores e tudo mais? Não? É só vaidade? Ou sim, realmente é útil na divulgação do seu livro? Invista dinheiro onde realmente for necessário para alcançar seu publico alvo. As coisas “fúteis” do livro, surgem depois.


PUBLICAÇÃO INDEPENDENTE (direto na gráfica)
Eu não pesquisei muito sobre essa forma de publicação porque não compensava muito para mim, mas basicamente é assim: você corre atrás de um diagramador, revisor, capista... Enfim. Você faz o seu livro todo. Quando estiver pronto, você vai à gráfica com o material e faz um orçamento de quantos livros você quer e quanto custará e tal...


PUBLICAÇÃO INDEPENDENTE (gráfica que é editora)
Não são muito populares, mas existem e muito! São gráficas que são especializadas na publicação de livros e por isso acabam oferecendo alguns serviços a mais além da impressão do seu original, como por exemplo: ISBN, ficha catalográfica, diagramação, revisão, distribuição em livrarias (virtuais, físicas ou em ambas), etc. Não cheguei a orçar meu livro com nenhuma gráfica assim, mas pesquisei o nome de algumas e sei de outras que são muito confiáveis (e realmente levam seu livro para livrarias físicas [eu mesma já encontrei alguns] se é que isso importa para você).

Se você não tem como fazer algum desses serviços (ISBN, etc.) por sua conta, esse tipo de publicação é uma boa.


PUBLICAÇÃO INDEPENDENTE (sob demanda)
Quem além de acompanhar o Oficina do Autor, acompanha também o meu trabalho como escritora, sabe que antes de eu assinar contrato com a Literata, minha ultima cartada seria a publicação independente sob demanda.

Esse tipo de publicação é oferecida por alguns sites como Clube de Autores, Perse, AgBooks (e talvez existam outros que eu não conheça...) e funciona da seguinte maneira: você não paga NADA por essa publicação. NADA MESMO! Você põe seu livro no site, alguém compra, eles imprimem, entregam para a pessoa e você ainda ganha uns trocadinhos.

Se você quiser um trabalho mais profissional, pague profissionais. Pague revisores (oi, estou aqui!), diagramadores, capistas... Seu trabalho vai ficar bonitinho e você ainda vai pagar bem menos do que pagaria nas publicações já citadas.

O único ponto negativo desse tipo de publicação é que seu livro só será vendido nesses sites e em nenhum lugar mais, além do possível preconceito que você sofrerá dos outros por não ter uma editora. Em compensação, você poderá mandar e fazer cada mínimo detalhe do livro, ter o controle de vendas e tudo mais.

Com esse tipo de publicação, você tem total liberdade.


ALGUMAS OUTRAS DICAS:
Muitos autores já foram passados para trás por suas editoras, e é por isso que eu vou dar algumas dicas para que o mesmo não aconteça com você:

   1. Recebeu uma proposta de publicação? Seu livro foi aceito ou algo assim? Ainda não assine contrato. Vá atrás de outros autores que fecharam com a mesma editora e pergunte a eles (notou bem o plural? PERGUNTE PARA MAIS DE UM AUTOR!) suas impressões com a editora. De preferencia, pergunte para autores que já assinaram há meses com a editora. Não adianta muito perguntar para o cara que está lá há um mês. Para ele tudo ainda é novo, tudo ainda é flores e ele não tem muito mesmo o que reclamar porque provavelmente o livro dele ainda nem chegou. Mas, cuidado! Se o cara falar apenas “odiei”, não desanime. Pergunte o quê ele odiou. Talvez o que foi detestável para ele, é suportável para você.

   2.  Vai publicar independente? Pesquise sobre a gráfica e pergunte a outros autores que fizeram seus livros por lá também. Às vezes eles podem ter enfrentado uma série de problemas (uma conhecida recebeu vários livros com páginas mal costuradas [e que por consequência caiam]).


   3.  O que você procura em uma editora? Eu procurei coisas bem básicas: um revisor, diagramador, ISBN e uma distribuição nas livrarias online (como cultura, travessa, saraiva, Fnac...). Com isso, eu conseguiria me virar bem na divulgação do meu livro. Mas talvez você queira mais do que isso. Talvez você realmente queira um capista, uma ficha catalográfica, lançamento do livro, ele físico dentro das livrarias... Acho que o básico para todo autor é exigir um capista, diagramador, ISBN, ficha catalográfica, revisor, e distribuição em algumas livrarias online.

   4Leia seu contrato com calma e se possível mande um advogado ler. Mas há coisas básicas que deve estar no contrato: tempo em que seu livro estará dentro da editora (a média é de 2 anos), a periodicidade com que você irá receber os seus direitos autorais (a médica é de 3 em 3 meses), qual a porcentagem dos seus direitos autorais (o normal é 10% podendo aumentar para até 20% nas vendas feitas direto pelo site da editora). Eu sempre olhei isso nos contratos que li até hoje porque era o que realmente me interessava e é o que realmente tem de ter em TODO contrato. Algumas editoras colocam no papel o serviço que será prestado por eles, o valor que você irá pagar (ou se você irá pagar algo ou não), o que é de responsabilidade sua e o que é de responsabilidade da editora... Enfim. Um contrato não é um bicho de 7 cabeças, mas você tem de ficar atento a essas 3 coisas que eu citei no início da dica 4.


  5.Pesquise o quanto é gasto para produzir seu livro (no site do Clube de Autores, PerSe, etc., tem como você calcular isso). Saiba os tipos de folhas que existem e seus valores (folha amarela é mais cara que a branca, basicamente), qual é a ideal para o seu livro (para romances a folha amarela é ideal, para livros com figuras, a branca). Descubra os tamanhos dos livros e saiba qual que gasta mais para ser feito... enfim, pesquise. Sabendo quanto seu livro gasta para ser produzido, dificilmente você será passado para trás nos valores.

   6.  Uma editora passou a perna em você? Não xingue muito no twitter e sim resolva juridicamente. Não fique postando coisas como “essa editora não sabe com quem tá mexendo!!1” “vou meter processo!!1”  e tal. Fale menos e faça mais. Resolvido o problema, faça um comunicado aos seus leitores falando algo como “infelizmente o livro tal não será mais comercializado na editora tal devido ao não cumprimento do contrato pela parte da empresa” e o que você pretende fazer com o livro depois.
Bom, galero, é isso. A matéria ficou enorme, mas eu espero ter ajudado!

Para quem não sabe, vou publicar meu livro pela editora Literata e ele sairá no começo de 2014. O blog do livro está bem desatualizado, mas o endereço é serienovembro.tumblr.com

Na fanpage da editora e do meu livro (facebook.com/serienovembro) você encontra trechos e mais informações da história! Além disso, aqui do lado do menu tem algumas prévias em vídeo sobre as personagens do livro. Tem menos de 50 segundos casa prévia.

É isso,
Até mais!


7 comentários:

  1. Oi Vane, tudo bem?
    Antes de tudo eu queria dar parabéns pelo seu livro e com certeza irei compra-lo! haha. E agradecer também todas essas dicas que você está postando, eu não sabia que publicar um livro podia ser tão complicado!
    E sobre tipos de editoras, qual foi a que você escolheu? E você pretende fazer uma lista com o nome de editoras aqui no seu blog?
    Beijos
    http://sophiesamiesarfati.blogspot.com.br/

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    1. Oi! A literata é uma editora de médio porte que não é paga e eu assinei com ela. Assim, por enquanto eu irei gastar algumas coisas. Por exemplo, os livros que estarão no meu lançamento, eu que terei que comprar e por lá, sabe? E na bienal é a mesma coisa. Mas eu não paguei para publicar. Meu livro foi lido e foi selecionado e acaba que eu vou gastar bem menos do que nos tipos de publicação que eu citei. Não vou fazer uma lista de editoras porque pode surgir novas com o tempo e eu nem conheço todas, mas vou dar dicas de como procurar. ^^

      Ficou feliz que esteja gostando!

      Beijos!

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  2. Ótimo post e ótimas observações. Início de 2014 também terei meu primeiro livro publicado e, claro, tive muitas dúvidas no início. Desejo boa sorte e sucesso pra vc :)

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  3. Vanessa, estou adorando a Oficina do Autor! Você está sanando muitas das minhas dúvidas! Adorei este post em especial. Só não entendi bem uma parte. Na publicação independente sob demanda, pelo PerSe por exemplo, quando alguém comprar o seu livro, eles vão imprimir numa gráfica tudo direitinho no formato de livro mesmo né? Porque do jeito que você escreveu parece que eles só iam imprimir as folhas e tal, rs

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    1. Fico feliz em estar ajudando! Não, não, não é só as folhas kkkk ele vai ser impresso todo bonitinho mesmo.

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  4. Uau!
    Adorei o post! Ahhhh se as pessoas tentassem entender mais o mercado ao invés de reclamar!
    Vou divulgar pro pessoal!
    Parabéns!

    beijos

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