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Atitudes de autores que profissionais da literatura mais detestam

Não reparem a qualidade da foto. Não reparem a minha cara. Só me amem que já está bom.

Desde os meus 15 anos eu estou em constante contato com o meio literário, porém, foi nos últimos tempos que eu comecei a conhecer os profissionais da área mesmo (jornalistas, tradutores, editores, revisores...) e também foi no último ano que eu comecei a fazer parte dessa patota da pesada (para quem não leu minha bio por preguiça, eu faço Letras com ênfase em Editoração e pretendo trabalhar na área e tudo mais).

Por causa do Estudo feat. Contato com profissionais feat. Experiências como escritora, acabei descobrindo uma série de atitudes que deixam um editor ou revisor putos com os autores. E, deixar um revisor ou editor (ou qualquer outro profissional da área) puto, é dar um tipo do próprio pé. Ou melhor, é dar um tiro no seu próprio trabalho. O anti-profissionalismo pode acabar com sua carreira e fazer com que seu livro, por mais que seja ótimo e perfeito, não consiga lugar nem em uma editora de quinta.

Então aí vai uma lista das atitudes mais odiadas pelo profissional da literatura:

P.S.: A ordem dos tópicos não é a ordem do grau de desaprovação do profissional, ok? kkkk
P.S.2: Se prepare porque a matéria é longa...

- “LÊ MEU LIVRO? LÊ MEU TEXTO? LÊ A MINHA BULA DE REMÉDIO?”
Na verdade, não há mal algum em um escritor perguntar para um editor ou revisor ou leitor crítico ou até mesmo outro escritor, se ele pode dar uma olhada em seu trabalho. Aliás, pelo fato de você está PERGUNTANDO, ele se sentirá alegre e feliz para falar “não”. O problema realmente está quando essa pergunta vem seguida imediatamente de um anexo do seu livro/texto/bula de remédio.

Enviar seu trabalho em anexo sem ao menos dar um “oi! Tudo bem?”, sem ao menos esperar um “sim” do cidadão que estudou pra caramba até chegar ao ponto de ser considerado um revisor/editor profissional, é totalmente chato.

A sensação que a gente (revisor/editor/escritor/agente) tem quando você, pequeno gafanhoto, faz uma coisa dessas, é a mesma sensação que a maioria tem quando aquele(a) cara chato(a) aparece do nada no inbox do facebook dizendo “vê meu blog? Linklinklink”. É rude, é chato, e parece que quem enviou o livro está fazendo um favor em deixar você ler aquilo.

Além disso, há autores que realmente gostariam de ler os livros de seus leitores, mas devido o tempo que ele gasta tentando fundamentar a própria carreira, é um pouco difícil conseguir ler e acabam não o fazendo.

Resumindo, PERGUNTE primeiro se a pessoa estaria disposta a receber o seu material para ler e dar uma opinião. Não saia mandando o material, ou falando frases como “eu tenho alguns capítulos aqui, se quiser ler...”. PERGUNTE, e se ouvir um “não”, entenda. Seja profissional e maduro, gafanhoto.

- “TEM COMO VOCÊ DAR UMA CORRIGIDA NESTE TEXTO PARA MIM?”
O revisor estudou para ser revisor, então tenha uma atitude profissional. Entre em contato, pergunte o quanto ele cobra... Conversem. Mas não apareça do nada perguntando “tem como você revisar meu livro? Meu texto? Coisa rápida”, porque não é “coisa rápida”. Revisar um texto dá um trabalho do cão (por isso que o valor do serviço é um pouco salgado).

Eu sinceramente aconselho a procurar um revisor, e não digo isso porque sou revisora kkkkk Mas porque também sou escritora. Meu livro foi lido por vários não-profissionais e esses encontraram alguns erros sim, porém, quando um revisor de verdade pegou o texto, as vírgulas mais obscuras foram encontradas e corrigidas. Somos treinados a encontrar erros de diversos tipos, então... Não tem como fazer de graça.


- ESCRITOR QUE FALA MAL DE ESCRITOR
Língua de escritor não-publicado, é língua maldita. Sei que todo momento ficamos indignados quando um autor muito do ruim é publicado por uma grande editora, e por isso logo vamos nas redes sociais descer o cassete no dito cujo. PORÉM não faça isso, querido gafanhoto.

Profissionais do meio literário são piores que praga: estão em todos os lugares. Qualquer lugar que for, você tromba com um editor (chefe ou assistente), revisor, diagramador, agente literário... Estão em todos os lugares e observam e ouvem cada uma de suas palavras e falar mal de um escritor, queima seu filme.

Lembre a si mesmo que você não é mais um simples leitor que pode falar o que pensa e nenhum editor vá se importar, e sim um autor que terá de conviver no meio, e falar mal das próprias pessoas com quem você possivelmente terá contato, é muito chato.

Você não vende só o seu livro, mas sim a sua imagem (mesmo que você não queira), e a imagem que você passa para um editor quando você fala mal de outro autor, é de um cara que possivelmente trará trabalho por ser infantil e não-profissional, e ninguém quer associar sua empresa com um sujeito assim.

Além disso, editores de editoras diferentes são amigos entre si, então há uma troca de informações sim entre uma editora e outra, e dentro da empresa há uma espécie de “lista negra”. Quando veem ou recebem comentários críticos sem fundamento vindo de autores iniciantes (e descobrem que são autores iniciantes pelo método mais simples do universo: stalkeação), eles anotam o nome da pessoa e vão passando esse nome para outras editoras também, para que, quando o trabalho desse escritor chegar até eles, já estejam preparados com que tipo de pessoas estão lidando. Claro que ter um nome nessa lista já tem deixa seu trabalho com um cunho negativo.

Então xingar muito no twitter não vai tirar quem quer que seja da fama em qual ela se encontra. Sei que seu dedo coça para falar mal de alguém, mas existe telefone, mensagens privadas e amigos íntimos para isso. Não participe de fóruns que falem mal de outros autores e nem crie esses fóruns, pois sempre há um profissional da área te observando.


- “EDITOR, AQUI ESTÁ MEU LIVRO PARA ANÁLISE!”
Vou dar um exemplo do que eu fiz. Um exemplo que não deve ser seguido:

Um belo dia eu entrei em contato com uma editora de médio porte, perguntando se eles estavam aceitando originais para análise (a política de envio não estava no site, mas mesmo que esteja, é sempre bom e educado perguntar). Depois de alguns dias, me responderam que sim e para eu enviar o material diretamente para o e-mail do editor e lá estava como o material deve ser enviado. Sem pensar duas vezes, arrumei o material e enviei para o e-mail do editor.

Cagada. Não façam isso. Se a editora mandar o e-mail do editor, não mande seu material logo de cara. Mande um e-mail para ele perguntando se está aceitando originais para análise. Editor não é uma máquina, é um ser humano. Alguns gostam de ir direto ao ponto (mais trabalho e pouca conversa), outros preferem conversar antes para saber de sua trajetória, ou pelo menos manter um nível básico de comunicação educada. Então, por via das dúvidas, seja educado.

Outra atitude que não se deve fazer em relação a um editor é ficar apressando o cara a ler seu livro, perguntando toda hora se ele já leu seu original. Ele não tem só isso para fazer e não tem só o seu livro para ler, gafanhoto.


- FALAR DO SEU LIVRO EM LANÇAMENTOS DE LIVROS DE OUTROS AUTORES
Eu vou a vários bate-papos literários, e lá eu recebo vários marcadores de livros de autores nacionais, fazendo marketing do seu trabalho e tudo mais, MAS nunca faça esse tipo de coisa no dia do lançamento de outro autor. Aquele momento é para falar do livro do outro, e não do seu. Não tente roubar a atenção para você, em hipótese alguma!

Mas em outros tipos de eventos literários, venda seu peixe sem culpa.


- NÃO ATORMENTE O BLOGUEIRO
Enviou seu livro para algum blogueiro? Não fique todo santo segundo perguntando quando ele vai ler, se está gostando da leitura, quando termina ou quando vai fazer um post no blog sobre seu livro. Às vezes ele pode até gostar do livro, mas por conta da sua perseguição, começa a ficar com raiva. E você não quer um blogueiro como inimigo, acredite.

Então mande o livro e só. O máximo que você pode fazer é perguntar se ele recebeu e só. Com certeza em algum momento ele vai lê-lo sim, e se não postar nada no blog, é porque não gostou. Ou até fará uma resenha negativa, o que é pior.

Ah, por isso procure enviar seu livro para blogueiros que realmente leem livros do mesmo gênero que o seu trabalho. Se você mandar um livro erótico para blogueira que só lê infanto-juvenil, é pedir para receber uma resenha negativa. Fora o dinheiro que você gastou comprando seu próprio livro e mandando por correio para a pessoa.


- NÃO ATORMENTE O ESCRITOR
A mesma coisa que com o blogueiro. Enviou seu livro para um escritor que você admira muito? Beleza, exponha essa admiração numa cartinha anexada ao livro, ou escrevendo na folha de rosto do próprio exemplar. Mas não atormente o coitado pedindo a todo instante que ele leia seu texto!

Agora se você quer dar seu livro para um autor que você não admira, mas por ele ser pop acredita que se ele ler e comentar sobre seu livro você vai ficar pop também, pelo menos disfarce, gafanhoto. Não persiga o autor em seus eventos e chame a atenção dele só par entregar seu livro e ir embora. Pelo menos disfarce que você é fã do cara, sei lá... Compre o livro dele e tal, mas não atravesse a fila dos verdadeiros fãs do cara para dizer algo como “aqui está meu livro”, dando uma piscadela e saindo para longe dali se achando o pica das galáxias literário.


- NÃO FALE MAL DA SUA EDITORA POR BESTEIRA
Sua editora não te paga? Quebrou o contrato? Fale com um advogado. Depois de revolver juridicialmente suas questões com a empresa, e se ainda quiser falar sobre o assunto a fim de alertar outros escritores, tudo bem. Admiro escritor que vai lá e fala dos problemas de sua carreira buscando instruir outros autores. Aliás, isso é o que falta para os autores nacionais: instrução (sobre diversos assuntos).

Agora se, sei lá... Você fechou com uma editora pequena e ela não faz uma boa divulgação (ou qualquer coisa assim), não fique falando mal da coitada. É claro que uma editora menor não oferece as mesmas regalias de uma editora de grande porte. Você já assina contrato sabendo desses poréns. E falar mal de editoras por essas coisas pequenas e tudo mais, faz com que editoras maiores torçam o nariz para você e continuem recusando seus trabalhos.

Respeite a casa que aceitou seu livro e apostou em você. Não fale mal dela por besteira e nem faça campanha para mudar de editora (sim, isso existe). Se tiver algum problema com quebra de contrato da parte da empresa, procure um advogado... Enfim, seja maduro e se porte como um adulto.


- RESUMINDO:
- Não seja infantil.
- Não seja desnecessário.
- Não seja estúpido.
- Não seja fofoqueiro.
- Não seja metido.

Um bom escritor tem que ser educado e humilde, mas ser humilde mesmo. E humildade não significa dizer para os 4 ventos que você é o pior escritor do mundo ou coisa assim, não... Humildade tem a ver com reconhecer o seu papel no mundo literário e o papel do próximo, e respeitar os limites dos outros para que assim você também possa ser respeitado.

Seja profissional se você quer entrar no mercado literário sério e de qualidade.


Bom, é isso. Gostaram do post? Tem mais dúvidas sobre o mundo literário? Comentem e talvez a sua dúvida seja pauta para a próxima matéria!

Ah, antes de dar tchau e tudo mais, eu sou escritora e vou lançar meu livro no ano que vem pela editora Literata. Até lá estou fazendo pequenas prévias do livro e, de início, estou falando sobre minhas personagens através de vídeos de menos de um minuto. Falarei sobre 4 personagens, e o primeiro vídeo já está postado no youtube. Vejam e se deliciem com o Fernando Amargo:



Até o próximo post!

8 comentários:

  1. Excelente post! É incrível pensar que tem pessoas sem bom senso, não é mesmo? As dicas são interessantes, mas se as pessoas pensassem antes de agir, muitas coisas poderiam ser evitadas...

    Bjs, Isabela.
    www.universodosleitores.com

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  2. Muito interessante seu texto. É meio cômico que ainda nos dias de hoje essas "dicas" que você deu sejam realmente necessárias, já que é tudo questão de bom senso né? rs Mas né, isso é a internet, e gente sem noção não falta no mundo.
    Enfim, muito sucesso, com seu livro, já fiquei louca de vontade de ler só com esse booktrailerzinho! rs
    Vais postar aqui os outros videos? Muito interessante, de veras, parabéns!

    http://livrologias.blogspot.com.br/

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    1. Fico feliz que tenha gostado! Sim! Os próximos vídeos eu vou postar aqui sim!

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  3. Vanessa,simplesmente amei seu poste e suas dicas.Com certeza elas são bem essenciais para os novatos.Ou melhor uma nota para se tomar e nunca se esquivar.hahahahahahahaha
    Parabéns pelo seu lançamento!

    Beijokas Ana Zuky

    Blog Sangue com Amor

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  4. Tenho muita vontade de ser escritor profissional. Sou formado em Letras, mas cursei Licenciatura. Lendo seu post, percebi que não há para onde correr. Eu sempre quis trabalhar com algo que me fizesse sentir liberdade. Atualmente atuo como professor e é tão ruim. Sinto que tenho algum tipo de distúrbio, pois não sei me relacionar com pessoas. É como se eu tivesse que desembaraçar metros e metros de barbante. Tenho problemas com convenções do cotidiano. Fico pensando se um dia poderei ingressar em um meio tão sensível e complicado como o literário. Você falou em vender a própria imagem e percebi que não sei fazer isso de jeito nenhum.

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    1. Oi!

      Primeiramente, desejo sucesso na carreira!

      Sobre o "vender a própria imagem" ocorre naturalmente. Não é que você vira modelo da noite para o dia, mas o seu livro está ligado a sua imagem. Se você é insuportável, a maioria das pessoas não vai querer ler seu livro e tal. E não tem como transparecer aquilo que você não é por muito tempo, então... Se você é chato, sedo ou mais tarde vai fazer uma chatice kkkk Não sei se expliquei direito, mas... Não se vende a imagem por si só, mas se vendem livros e os livros estão ligados com o autor. Foi isso que eu quis dizer.

      Tudo de bom, beijos!

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  5. Muito interessante o texto. Além de escritora, sou jornalista da área cultural, e já várias dessas coisas acontecerem... Realmente, queima o filme do autor, e feio.

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