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Finais Inconclusivos: É ou não é final? Eis a questão.


Sou uma grande fã assumida de romances distópicos. Alguns gostam de fantasia, outros do gênero policial, mas eu gosto mesmo é de um pós-apocalipse com um governo autoritário bem sacana que destrói o ser humano só por diversão.

O que todos esses gêneros (e os outros) têm em comum é que o leitor começa a ler o livro esperando por um final.

Acabei de terminar Ignite Me (minhas estruturas emocionais ainda estão abaladas demais para falar disso), último volume da trilogia Shatter Me da Tahereh Mafi, e consolidei minha opinião de que os autores de romance distópico andam dividindo a garrafinha de água e pegando a mesma doença viciosa: não esclarecer o final para suas histórias.

Então eu comecei a divagar sobre os motivos pelo qual isso anda acontecendo porque depois da terceira vez dando de cara com uma última página que não parece última, eu precisava de um pouco de consolo pro meu coração de leitor voraz. Consegui chegar a algumas conclusões aceitáveis e aqui vão elas:

A distopia por si só não é novidade no mercado editorial, mas o “boom” desse gênero aconteceu sim há pouco tempo atrás. Desde então não dá nem pra começar a contar quantos livros diferentes pós-apocalípticos surgiram nas livrarias e a concorrência começou a ficar apertada e sufocante tanto quanto aconteceu com os romances sobrenaturais (eu particularmente não aguentava mais ver livros sobre vampiros e anjos). Acontece que o grande barato da distopia é a inovação, começando por idealizar um futuro fantasioso, mas com raízes no que existe agora pra ficar aquela eterna pergunta “E se...?”. Na busca incansável pelo diferencial, os autores podem ter se empolgado demais. E aí o resultado é esse monte de final que não tem cara de final e outras medidas drásticas que chocam todo mundo de um jeito não tão positivo (Divergente, oi).

A outra opção que pensei é que, bem, basicamente distopias tratam sobre a condição humana em algum aspecto, e o que é mais humano do que a incerteza? A gente nunca sabe o que vai acontecer amanhã e um mundo em paz no mês de agosto pode não ser um mundo em paz no mês de outubro. É realístico deixar as coisas em aberto porque a vida é assim e um novo capítulo muitas vezes começa antes do fechamento do anterior.

A verdade é que, independentemente dos motivos pelo qual isso vem acontecendo, me frustra bastante. Quando eu começo a ler um livro e me apego aos personagens eu quero saber qual será conclusão da aventura. Quero respostas para as perguntas importantes, quero saber se a sociedade distópica vai acabar ou não e como. Em alguns livros, como Ignite Me, o final aberto não interfere na grandiosidade da obra e, mesmo que o leitor saia com um gostinho de quero mais e algumas dúvidas eternas, ainda existe a sensação de “dever cumprido”. Mas não é assim que acontece com todos (Delírio é o calo na vida de muita gente e eu não li o livro três ainda porque estou preparando meu coração).

E vocês, o que acham sobre finais abertos e inovações que vão um pouquinho longe demais? E os motivos pelo qual isso acontece?

O resultado disso na minha vida é que, agora, toda vez que eu começar a ler uma distopia já vou logo imaginando que a heroína se contamina com lepra e o herói desaparece deixando a dúvida  do seu paradeiro pra sempre. Não dá nem pra imaginar uma chuva de meteoros porque seria conclusivo demais. Mas vai que.
(Por Bruna Fontes)

Um comentário:

  1. Brubs, não poderia discordar ou gostar mais do seu texto. Finais em aberto são os mais realistas possíveis, embora causem espanto e deixem lacunas na história e nas nossas vidas. Eu realmente gostaria que tudo tivesse um fim bem explicado, mas é pedir demais em enredos com essa característica (distópica). E até nos livros épicos como ...E o vento levou. Só resta aceitar e esperar que tudo fique bem com os nossos personagens.
    P.S. Ninguém superou IM ainda, moça. </3

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